terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O que pra mim não tem valor

O que certa vez disse um velhote amigo meu, com soluços de embriaguez entre os comentários:
- Quê... pra você não tem valor, meu filho?
- Não sei... acho que sentimento ruim.
- Não, tem ninguém te ouvindo. Bem sabe que o álcool deixa letárgico, não sem escrúpulo.

domingo, 9 de agosto de 2009

Chácara, peixes e olhos.

  Se tudo fosse tão simples, que toda a imensidão virasse chácaras. Se tudo virasse a simplicidade de uma cidadezinha do interior, onde os peixes nomeiam; Mais do que qualquer coisa eu odiei o meu amor e amei o meu ódio - seja lá o que for isso, e se possível for.

  Primeiro cravei a faca em meu peito, enquanto ela olhava; cortei-me os pulsos jorrados, ao tocar de suas mãos em minhas coxas; torpi-me tão somente com o fitar; com o alisar das madeixas minhas que agora tomavam a cor rubra. O velório foi simplório. Mas o que de fato o leitor vai querer saber é o que tinha eu em meus bolsos. Onde tenho de si o meu próprio. Brilhante esmeralda. Trouxe pra mim a única coisa que furtei-lhe em vida: os olhos. Tirei-os, um de cada vez, indolorosamente. Com as mãos sujas de seu suco, embebidas de palavras sem nexo. Assim como as que profiro, melhor, as que escrevo. Imaginem comigo, seriamente, o sangue escorrendo nas vestes e a cada centímetro percorrido deixasse escrito algo, como me era lindo.

  

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Banco de sacas

Daqueles, "hoje afrouxam-se muito, tiram mão". Era meio assim que aos barrancos, ía encostando de quina em quina, atrás de bar pra repartir com o santo da vez. Repartiu a maldade da quentura, golada seca e forma líquida, sei bem que antítese não é bem-vinda, mas essa me é explicativa. Dava socos no ar, meio raivoso, mas escondia uma foto da família passada, que tinham por lá sua mulher e os dispensáveis filhos. Tinha amor verdadeiro pela moça, enxia os olhos ver a figura sorridente da foto. Derramou algumas lágrimas, outras caíram no copo meio vazio, foi descendo a rua, passou a mendiga bonita, pelo menos depois do bar.
Foi pra casa com a suja e falou pra esposa que queria as duas, ela aceitou e virou pro lado. Rendeu o cheiro da suja, que logo foi sacar-se de todos os bens, un relógio manual e uma Tv onde os filhos se entretinham. A suja foi embora, levou algumas crianças que não deram por falta, e estão alimentando direitinho mais três, porque a cirrose do papai o está matando.

Rasgação de sedas

Rasgação de sedas