sábado, 30 de agosto de 2008

A mesma prosa do homem feliz

Dera-me ser feliz por tempo limitado, sabendo seu fim e início, para saborear o seu meio. Minha tristeza é branda e permanente, por outro é felicidade, faço feliz aquele que tira de mim o meio que saboreio; eu fui a voz de algo bom, de algo que se quebrou, cedido ao agudo dos gritos. Veio de mim a vitória das palavras que não são ditas, que são, outrora, engasgadas pela mulher que tem os nossos corações, por não ter mais a quem. Aqui está o beijo que tanto quis de mim; buscai-vos. Nas ruas, procurado pelo caroneiro. Aquela mesma gestação do filho perdido. Em algum lugar eu encontrarei meus descendentes mortos. Onde a minha finita felicidade me deixou o canto de espera, atrás do mesmo prospecto da gota d'água. Fui comprar estórias, com as prateleiras abarrotadas, escolhi a dedo a que me aturdiu; por Deus.(!) Se alguém me tiver, que me oprima nas mãos de suas escolhas, nela deitarei todo meu escravo. Siga-me neste caminho onde a única certeza que terá é a tal da infelicidade, punida e brilhante aformidade. Não se tem noção de sua extensão, nem de sua (?). A minha é de superfície, dilatada pela profunda vontade de aprofundar as coisas. Eu procuro lugares onde achar o que não sei procurar, a criancinha que revoga seu bichinho sem levantar-se. Não tenho, porque minha vida foi tirada de mim; deixei-a no momento em que a primeira frase escapou.

- Tão somente a noção de que minha carta estava terminada e a vontade que sempre tive foi consumada: a minha morte descrita num pedaço de papel que meu amor procurava. -

sábado, 23 de agosto de 2008

Não as conheço como me conhecem

Foi que eu me vi na situação de interrogado, perguntaram o que me recordava e eu soletrei seu nome, aquele sonoro nome que me vaziava. Sempre me ensinaram a dissimulação do que pulsa, no mesmo instante engasga-me. Passando na frente daquela vendinha onde sentam os vividos e os vivãs; foi ter com o céu. Notaram-se os olhares alheios a situação intimista. Da coesão mais que corriqueira, de pôr a tocar a mesma sinfonia, mesma nota, sustenido ou branda. Enquanto remoía o amor que tinha falado à falsa amada, no qual seu coração eu ganhei sem querer. Não existem enganos no meu romance, não há de aparecer nenhum amor-fantasma para assombrar-me no leito do novo, há, sim, de haver restos, sobras e migalhas dos velhos, mas estes serão queimados no altar em que eu mesmo fabriquei enquanto ditava - baixinho - no canto da orelha o amor. Cá está a voz, esta. Devero, sempre esteve. No mesmo quarto, caverna, onde deitei aos braços da montanha, seu leito; as virtudes me foram tomadas e cuspidas em face, língua ardida e venérea. Eu finalmente vir-me-ia na calmaria do ódio, mas aturdi-me. Tão somente a falta me foi o bastante, tampouco a rotina de olhar o mesmo quadro, na mesma hora em que te querer rasgar. Com licença, Poética. Sem ela seria um mero papel brando de voz.
Mas a mesma branda voz que ecoou e escorreu nas paredes das cadeias. Conhecer-me-iam se não tão difícil fosse me alcançar nas rochas.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Brincadeira de Bicho

Eu ouço as mesmas notas que me deprimiram antes, provando que as venci, que a ferida já se foi, mas ainda persistente tento tocá-la com o dedo infantil. Perfurando a razão de querer ser feliz, indaguei à lua se ela me daria a chance ao que os meus prometem às suas. Disse-me estar cheio de recados às donzelas - debruçadas no parapeito-terapeuta. Escolhendo a dedo as virgens que choram, aos lagos feitos na discórdia do não-querer. O que ele me disse. (?) Não mais obstante, ele começou.
Precisou reverter-se. Não teve a chance de olhar nos peitos daquela que prometeu dar o Céu e as estrelas, não abriu o sutiã estrelar; o universo à ser descoberto. A matéria-negra, não mais.
Descobriu em si próprio o monstro-debaixodacama. Escondido em seu coração, o mesmo assustador que não gosta da luz dos olhos daquela donzela, mas corre atrás dos seus anfíbios. Com a rede sedenta, esperando o primeiro grito de socorro do coração silenciado pelo seu falar forjado. Diria assim:

Carta a mim.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Voz sedosa e peitos de vadia

Eu quero a vadia dos amores, pra manchar o coração com as feridas que me foram postas, e eu conivente e sádico não percebi que eram em mim. Tornou-se e retornou-se, coração dos olhos juntos, viu amor que não existia. Pôs-se em olhar arregalado e provocou a vadia com o sorriso de preço. Orações engasgadas e línguas inintendíveis com os sotaques da variedade amorosa, ou do ódio iminente. Eu gritava aos céus que não queria mais amar, que me tirasse de lá. A ausente sensação, me deixara antes de encontrar-me. Eu tivera a qualidade de sempre me deprimir, com os pensamentos dos débitos, procurei o sofrimento e ele acomodou-se. Eu desejei amar todas, mas de fato não sei amar, de tanto querer, me vi na situação da impotência de nunca poder dizer eu te amo.
Diriam-me que sou molestador, com os adágios prefigurados às mulheres; não desmentiria. Queria sussurrado o amor escrito e rabiscado o amor de atos.
Sempre que vierem me dizer se quero uma voz, direi que quero a do sentido, aos peitos da mesma vadia que falo com dor onde não se pode avistar.

Rasgação de sedas

Rasgação de sedas