quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Alerte todos: "Temos um novo comandante"

Avise à todos que cheguei para enfrentá-lo com austero ímpeto de gritar com sua cabeça em mãos; diga para sua mãe que ele não irá dormir mais em casa e que se despeça com um beijo na testa, pois terá unicamente o resto do corpo à velar.
Sou de Sarteiro e vim com vontade de sangue. Quero que ele me enfrente como mero homem que é, sua forma me humilhou por apenas existir em tantos outros momentos que o fizeram difamar-me sem proferir uma palavra.
- Não era mais evitável, as "idéias" seriam destacadas do corpo e tudo teria fim -
Se encontraram o desafiante estava apontando-lhe um punhal e o desafiado punha-se em alerta, o conflito começou com promessas...
A cabeça fitou o olhar de todos os espectadores e depois tiveram a noção de um provocador imbecil que teve suas entranhas à mostra.
O assassino pegou gosto pela morte e gritou:
"Quem se atreve a não seguir a vida de subordinado?"
A multidão, toda aflita, se aquieta...

Aviso à todos: "A divindade foi roubada"

"Reflitamos"

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Gatafunhos ensagüentados

Muito tempo atrás, antes mesmo que todos soubessem o que é arte e puderem avaliar as coisas como elas são - ou como gostariam que fosse, meu filho teve a audácia de pintar.
Pegou um papel e desenhou o que sentiu; traços pra cá, borrões pra lá, mas de nada significava aos outros, isso o irritava, a tal ignorância que me falava era dilaceradora, sentia vontade de apunhalar o primeiro que duvidasse da profundidade de seus rabiscos.
O primeiro foi Charles, ousou perguntar o que significava e foi encontrado no monumento aos Bandeirantes, nudu e enforcado por suas próprias roupas.
Meu filho é um mero doente pelo que faz e todos não vêm nada além da patologia efêmera, já eu vejo tudo de mais lindo que se possa existir.

- Ao fim do depoimento, seu filho lhe apontou a arma com olhar de aprovação pelas palavras e terminou com um tiro na fronte de seu pai. -


"Reflitamos"

sábado, 26 de janeiro de 2008

Putz, sonífero demais

Escritor, ou melhor um carinha qualquer que acha que ordenar palavras é escrever. As palavras não-usuais não o deixavam, expressar-se de outro jeito não agradava a mamãe. Ela gosta de gente que fala difícil. Então não teve escolha. No dia do seu aniversário, o homem faria 38 anos, encontrou o fim. Não sabia se estava certo, depois de morto. Mamãe o encontrou estirado no chão, soltando bolhas pela boca, que evidenciavam o envenenamento.
Um bilhete como adorno foi lido em voz alto no seu velório:
"Estou depredado pela'quela que custa em fechar meus olhos, teimando não me matar...Só deixando-me degustar pedaços do paraíso que irei deleitar quando a definitiva me levar sorrateiramente ou não."
Todos choraram - sem mesmo nem entender aquelas palavras. - menos um, que se indignou com a reação de todos e soltou:
"Como podem chorar ...? Só queria dormir...Dosagem errada de sonífero!"

Choraram mais ainda..."Pobre homem. Morreu infeliz e com sono."


"Reflitamos"

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Inferninho no ponto.

Charles passa na Av. Paulista e vê na esquina uma garota muito atraente -com bunda enorme e lisa. Logo pensou: "Meu pai! Êta mulherão". É prostituta, não é possível. Charles tinha que refugiar-se nessa possibilidade, não gostava de se apaixonar.

A menina retrucou o olhar luxurioso do garotão, que se constrangeu. Ela, reparando aquela cena quis brincar...Empinou pra cá, acariciou pra lá. Ele endoidou, saiu em partida atrás dum banheiro pra se saciar, mas de nada adiantou. Depois de ver que já havia virado obscenidade daquele voyer, ela logo exprimiu-se no ponto, como se despontando o punheteiro.

Ela, antes de ir, gritou:

Sou estudada, meu senhor, pelo Amor de Deus!


Ele esperou horas e horas a volta da garota de suas horas de divertimento.

Parabéns, São Paulo.

"Reflitamos"(pelo menos em textos "assenssuais")

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Noites sem escrever

Compenetrado e pensando no que podia retratar em palavras. Sua falta de criatividade o estava matando, retirando-lhe todos os vitais com um punhal de ouro que só valoriza sua morte espiritual.
Deitou-se, como se dissesse ao mundo que desistiu, retorceu-se na cama simulando um ataque pra ver se na angústia conseguia algo para escrever - de um lado para o outro. Avistou - antes de pensar em auto flagelo - uma luz branda vindo debaixo da porta enriquecendo o quarto sombrio.
Naquela penumbra viu o adiante. Desesperou-se ao saber que nada era, além de uma vastidão de vagos augúrios que de nada puderam lhe acrescentar. Aquilo o comoveu e fez levantar-se, sentado na beira da cama provocou certas frases - ruins, de péssimo gosto. Logo engendrou uma porta fictícia e abriu...Passou por ela e alcançou com olhos d'água um poço com uma identificação, dizia "Jogue-se". Após a notória exacerbação de seu sentido caminhou ao poço. Chegou lá...Quando ia aprofundar-se na memória daquele abismo, voltou para a cama.
A sua boca estartou-se em desejo; pegou o lápis e ainda, nem mesmo com toda aquela ocasião, não conseguiu escrever nem sequer um vocábulo.


"Reflitamos"

domingo, 20 de janeiro de 2008

Teoria da Relatividade

Pense pequeno e seja feliz pra sempre, pense grande e seja feliz apenas por instantes. O que de relativo eu profiro nesta vida acaba decaindo na redundância de quem as lê. Perdoem-me os anti-pleonásticos, mas se tudo se desenrola dentro do seio de meus fiéis, logo dito vaticínios que irritam a todos.


"Reflitamos"

sábado, 19 de janeiro de 2008

Doutor: "Eu te amo"

Meu coração, por você, é constante; se contrai e relaxa de forma prazerosa, sacia meus desejos, mas me doou mais do que recebo. Uma bomba hidráulica que jorra amores antes nunca ditos. Minhas artérias abdicam de sua estrutura e restorcem o sangue oxigenado por sua timidez esmera, desaguam nos mares de minhas veias uma cumplicidade fervorosa e profana. Os meus átrios e ventrílucos revezam em suas atividades para cederem tempos aleatórios à você, finalmente se juntam e irrigam meu corpo com o líquido vital do nosso amor.

Doutor:
-Eu te amo.


"Reflitamos"

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Bernardo, caçador de coisas

Ele era um garotinho de meia-idade que tinha taras pelas tias e gostava de usar as primas. Ia no banheiro quando estava com vontade e sabia controlar a lascívia em seu coração, não queria nada mais do que apenas uma vez fazer o que os adultos gostam. Mesmo não sabendo o que era. Apenas tinha o vago devaneio de ser algo bom pra pele e pros pensamentos solitários. Aprendeu a tocar instrumento porque achava bonito, não pela melodia. Bernardo era compenetrado e, em demasia, superficial. Gostava de ler livros intelectuais para equilibrar seu desapreço por sua própria aparência. Corria atrás de meninas com aparência alternativa, mas não dispensava um pornozão clichê.
Ouvia Jazz quando entrava alguém que queria impressionar, ao sair deliciava-se com pagodes e funks infames.
Bernardo era bacana. Um cara descendente, que ouvia escárnios e só era lembrado pela burrices que fazia.
Pobre Bernardo, mais um de muitos.

Ah! Bernardo era um bom cozinheiro.


"Reflitamos"

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Renascer dos crédulos

Mercedes cairão ao meu lado, BMW's cairão ao meu outro lado e eu não serei atingido por toda essa caridade capitalista, que toma meus líderes a cederem à'lguns - pequeninos - pecados, mas que não deixam de me dizer o que tenho de fazer, simplesmente sigo - pela retórica que os é farta.

Estou sob a guarda de suas contas-correntes, onde deposito toda minha confiança - mas é claro. Onde posso a-creditar todo meu coração própero.



Reflitamos.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Aroma visual

As maneiras de como sou oposicionado pelo cheiro de uma lembrança, despertam e limitam em mim reações tão humanas que chegam a me irritar. Todos os seus caminhos, sejam eles ruins ou péssimos, vão me trazer a desilusão de um delírio cheiroso. Por mais que eu consiga fazer deste instante um que valha a pena, sempre terá alguém pra me invejar a dor ou perda.
Ode escárnio que tanto resulta em escória medonha. De meu poetismo cínico só taciturnaria um gemido eloqüente.



"Reflitamos" - mesmo que no meu realismo tão amador.

domingo, 13 de janeiro de 2008

Santa...

Catarina olhou pra mim com face indagadora e ditou:
- Flor irá à Nópolis?
Depois de meu rápido sinal de afirmação ela foi deitar-se e nesse período abdiquei de meu sono para poder vê-la dormir.

Ô, santa Catarina, beata de meus sonhos.


"Reflitamos"

sábado, 12 de janeiro de 2008

...Catarina.

Seus mares me disseram coisas repetidas e, também, novas. Com seus caminhos cheios de mulheres formosas. Olharam pra mim ao passar por ela, nu, sem que houvesse tempo pra me vestir daquilo que tanto queriam caí na desilusão de meus sentidos e trai-me por um cheio de páginas, mergulhei em todos os mares menos no de Catarina.
Catarina, bela minha. Devassos são seus olhos que só me despertam o único suspiro, de todo meu coração.


"Reflitamos".

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

O Pôr do Sol

Um pai e seu filho passam em uma rua movimentada de uma capital rica e desigual, enquanto andam seu filho curioso avista ao longe um homem negro de terno, só que amarrotado, e pergunta ao pai:
-Papai o que é isso?
O pai impaciente pelo ambiente que o cercava logo conceituou:
-É um mendigo, meu filho.
-Mas por que ele está deitado? - diz o menino duvidoso.
O pai cheio daquelas perguntas imperativa algumas frases:
-Pare já com essa perguntas. Não perca tempo com essas dúvidas, meu filho.
O filho com aquela ação logo inferiu um certo desapreço pelo homem em foco e logo exclamou:
-Pai se fosse igual a ele, você me amaria?
E lá começou a existir um que não era humano.


Reflitamos.

Rasgação de sedas

Rasgação de sedas