Foi que eu me vi na situação de interrogado, perguntaram o que me recordava e eu soletrei seu nome, aquele sonoro nome que me vaziava. Sempre me ensinaram a dissimulação do que pulsa, no mesmo instante engasga-me. Passando na frente daquela vendinha onde sentam os vividos e os vivãs; foi ter com o céu. Notaram-se os olhares alheios a situação intimista. Da coesão mais que corriqueira, de pôr a tocar a mesma sinfonia, mesma nota, sustenido ou branda. Enquanto remoía o amor que tinha falado à falsa amada, no qual seu coração eu ganhei sem querer. Não existem enganos no meu romance, não há de aparecer nenhum amor-fantasma para assombrar-me no leito do novo, há, sim, de haver restos, sobras e migalhas dos velhos, mas estes serão queimados no altar em que eu mesmo fabriquei enquanto ditava - baixinho - no canto da orelha o amor. Cá está a voz, esta. Devero, sempre esteve. No mesmo quarto, caverna, onde deitei aos braços da montanha, seu leito; as virtudes me foram tomadas e cuspidas em face, língua ardida e venérea. Eu finalmente vir-me-ia na calmaria do ódio, mas aturdi-me. Tão somente a falta me foi o bastante, tampouco a rotina de olhar o mesmo quadro, na mesma hora em que te querer rasgar. Com licença, Poética. Sem ela seria um mero papel brando de voz.
Mas a mesma branda voz que ecoou e escorreu nas paredes das cadeias. Conhecer-me-iam se não tão difícil fosse me alcançar nas rochas.
sábado, 23 de agosto de 2008
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Rasgação de sedas

Um comentário:
Não existe verdade absoluta.
Belíssimo texto.
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