sexta-feira, 27 de junho de 2008

Disseram que eu não sei escrever romance

Não me deixe assim, sem palavras pra dizer ou qualquer gesto pra escolher. Aquelas mesmas, rasgadas ao saírem, sem eco ou até mesmo sôfregas. A aurora de mim destacada do coração, dilacerado este por desejar a incógnita a frente, abismo ou cachoeira. Desprezava-me, abaixava a fronte e dizia as mesmas, sempre, sem dente, sem lábios; com, mas secos.
De frente, adiante, exitando tudo e nenhum gesto meu, falando carícias e passando em mim as sérias. Serias tão digna. Inclinei o rosto, a música estridente do corpo em conflito, gemido.
Agora só cinzas, que nunca mais regozijariam da vida novamente. Fênix teve seu fim, lento e gostoso. O peixinho dourado com memória fotográfica. Olhou pra mim, sentiu mágoa até seu fim, minha feição de bom moço, de costas, e testa franzida ao virar para o aquário vastidão desconhecida do pobre nadador, que na cachola só meu pesar tinha.Vi meu amor chorar as lágrimas falsas que amei ver, a mentira me interessou e fiquei contente ao vê-lo.
Eu não sei dizer sem mim, por isso não sei escrever romance e se sei é só pra ganhar em troca a noite de alguém. Seja poesia, mas que seja concreta enquanto dure.

7 comentários:

André Cavalheiro disse...

Eu estava lá no "momento-luz" deste texto.
Sem mais.

Anônimo disse...

Acho que a vida em si é um romance. Procurei as palavras certas para comentar seu texto, mas não achei. Afinal, hoje estou em bastante conflito para discernir o que é certo e errado.

Promento um comentário bem melhor.

Ótimo texto!

Flávia disse...

Poesia concreta enquanto dura é sempre melhor do que a fugacidade fria dos romances cujo fim se inscreve ainda nas entrelinhas do prefácio.

Beijo, beijo ;)

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

O peixinho dourado com memória fotográfica. Olhou pra mim, sentiu mágoa até seu fim. E se eu fosse esse peixinho.. nadaria mais.. peixes não se afogam.. pq já estão afogados.. em amargura. e eu não sei por quê. mas não gostaria de ser um peixinho. eles parecem tristes e sorridentes. E acho que a única coisa que lhe restam.. é nadar nadar e nadar.. vamos nadar?

Camila Queiroz disse...

nem sempre acontece.
sei lá.
é assim mesmo.

Anônimo disse...

o amor poderia ser um mito o-ò
na verdade; o amor de certa forma é um mito. é, definitivamente o amor virou um mito. mas acho que ele sempre foi. ok, o amor é um mito e por ser clichê; nada muda!

Rasgação de sedas

Rasgação de sedas