sábado, 24 de maio de 2008

Malabarista de facas à plateia de arqueiros

Subiu no palco. Nariz sobre todos e olhar fixo no fim do último corredor, nem o passageiro medo tirou a disposta felicidade de estar no centro, no alvo.
Foram preparando as flechas, fintadas de fogo, sabiam que algo iria ocorrer, poderia ser de morte. Os violinos começaram, seguidos do suspiro ensurdecedor do malabarista com as lâminas a mão. Dispôs, aleatoriamente, com tão esmero que a platéia pensou que o show começara. Eram blá de lá, e cá: resmungos de bebê. Os trompetes anunciaram: começou a artilharia. Eram sinais de fogo em todo o teatro, o garoto regendo a orquestra, com a batuta afiada. Queria se fazer amar, mas a bailarina, seguinte, tirou seu tão mistério. O espectador não era mais o teatro, a levara pra cama. Enquanto sonhava com a transa, a platéia voluptuara-se aos pares e ímpares, sobre tudo em vários.
Uma faca caiu, cortou o véu da bailarina já quase despida com os olhos, o malabarista apreensivo, com fixo fitado na moça. Resolveram: "levaremos todos, conosco." O salto da dançarina, o jogar do artista. Pinturas ao ar. Impetuosos e flechados: olhares de flechas.

Fecham-se as cortinas. O show tornou-se, atua confidente.

2 comentários:

André Cavalheiro disse...

Finalmente voltando a postar! Passou da hora, ê laia viu...

Impressionante o modo que suas histórias, maravilhosamente (gay) metafóricas me faz viajar, dando a minha própria interpretação para as mesmas. E acho que faz isso com todos que a leêm, são dezenas de histórias e pensamentos, em poucas linhas.

Fodão.

Flávia disse...

Olhares de flechas. Tão poderosos quanto trespassantes...

E faço minhas as palavras do André - menos a parte do gay, que eu faço questão de usar o meu lado cor-de-rosa.

Beijo!

Rasgação de sedas

Rasgação de sedas