quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Homem pra todas "a hora".

Num restaurante caro - mas caro mesmo; jantavam um grupo de amigos, dois homens e uma mulher, a mesma ofuscava todos pela beleza. Ele queria demais o que sempre todos fabricamos nas horas vagas, de imbecilidade conectiva. Queria gritar aos cantos com ela. Estavam sentados, claro, no barzinho de espera, porque caro já nos traz a frase "difícil de achar lugar", mas tudo bem, era essa hora que tinha pra dizer o que sempre quis, que amava. Tudo conspirava contra Gustavo. Rodrigo era mais desenvolto e extrovertido; ele só tinha paixão insólita por Flaubert. Ela, digna de um deus, com aquela melodia que chamavam de voz, seda auditiva.
Começou lá a batalha. Rodrigo logo começou discutir coisas que a agradavam e Guga quieto, inerte à situação. Então foi um punhal no peito. "Quer namorar comigo, Cê?", desmoronou por dentro e regurgitou um sorriso. "Filho-da-puta, como pode fazer isso comigo?", pensou Gustavo aterrorizado. Cecília sem palavras, riu da situação; sabia de sua beleza indimensionável. Então o corno-sentido, foi ao banheiro sentou na privada e defecou lá mesmo seus devaneios. Enquanto isso, O casal discutia como fariam, ela ainda não aceitava, mas ele já levava como certo. Passou 10, 15, 20 minutos e nada de Gustavo. Começaram a se preocupar, "Cadê esse otário? O invejoso já fugiu e nem mesmo vai ver minha vitória", Rodrigo se vangloriava em segredo, olhando de tempo em tempo pra menina linda. Foi então, que ouve-se um grito! Todos assustados - apagaram-se as luzes, o corpo do garanhão estava estendido no carpete chique com um furo nas idéias. Cecília gritava feito uma violentada, e Gustavo atônito balbuciou algumas semi-palavras. A perícia veio, não tinham provas, arquivou-se o caso. Rodrigo tinha muitos inimigos, ninguém gostava dele, isso ajudou no mau caso da polícia em achar o assassino.
Depois de algum tempinho digerindo a boa perda, Gusta levou Cê pra casa, na porta, no último abraço ele ouvi bem sussurrado, "Fui eu, amorzinho". Ele olhou pra ela espantado e sorriu malignamente. Ela retrucou, com um piscar de olhos insinuando seu tesão. Então confessa, "eu queria tê-lo matado, Cecília! Nem nessas horas posso ser homem? Porra!"
A garota riu descarada e gemeu, "Tu é um frouxo gostoso, só isso..."
Os dois se beijaram, entraram e - até que enfim - Gustavo fez papel de homem.


"Reflitamos"

7 comentários:

André Cavalheiro disse...

História fantástica! Com destaque para o final...

Allan Poe que se cuide.

Unknown disse...

Me sinto até mal, mais tenho uma crítica a fazer. Obviamente não é sobre a estrutura e nem sobre algo gramatical, e sim pelo rumo da história. A minha crítica é extremamente pessoal; no momento em que vc afirma que Rodrigo possuía vários inimigos, vc deixa claro a difença de personalidade entre ele e Gustavo, tornando a disputa mais injusta, e a história mais envolvente. Porém o final se torna confuso, deixando que a leitura repita-se criando a dúvida, e deixando a vitória do casal evidente porém minúscula. Resumindo, excesso de maldade rsrsrs. Apenas uma observação.

abrçss

Caio "Sáraqui" disse...

Eu me divirto com a maldade, mas não foi pra esse lado o meu texto, foi mais pro humano-torpe.

O enredo e a falta de coragem do Gustavo é o principal do enredo.

Já citado no título, "Homem pra todas 'a hora'"

Roberta A. Mondadori disse...

Nossa, esperava um final romântico e saiu bastante emocionante e perturbador... melhor do que pensei! Desculpe a demora, volta às aulas, to meio perdida ainda. Tenho nova postagem... te espero lá. Beijos...

Roberta A. Mondadori disse...

Ei, ei... Te linkei!

Bom final de semana...

Roberta A. Mondadori disse...

Entendo quando vc diz que o texto que postei “caiu no lugar comum”, muitos blogs postaram sobre o mesmo assunto nessa semana. Nunca tentei escrever grandiosas histórias e confesso que só depois do blog (que é bem recente e com poucas postagens) que resolvi tentar por no papel meus pensamentos. Ainda é tudo muito novo para mim, mas com o tempo pretendo melhorar.

Andrei R. disse...

Muito criativo.

Gostei do desfecho da história.

Rasgação de sedas

Rasgação de sedas