Num restaurante caro - mas caro mesmo; jantavam um grupo de amigos, dois homens e uma mulher, a mesma ofuscava todos pela beleza. Ele queria demais o que sempre todos fabricamos nas horas vagas, de imbecilidade conectiva. Queria gritar aos cantos com ela. Estavam sentados, claro, no barzinho de espera, porque caro já nos traz a frase "difícil de achar lugar", mas tudo bem, era essa hora que tinha pra dizer o que sempre quis, que amava. Tudo conspirava contra Gustavo. Rodrigo era mais desenvolto e extrovertido; ele só tinha paixão insólita por Flaubert. Ela, digna de um deus, com aquela melodia que chamavam de voz, seda auditiva.
Começou lá a batalha. Rodrigo logo começou discutir coisas que a agradavam e Guga quieto, inerte à situação. Então foi um punhal no peito. "Quer namorar comigo, Cê?", desmoronou por dentro e regurgitou um sorriso. "Filho-da-puta, como pode fazer isso comigo?", pensou Gustavo aterrorizado. Cecília sem palavras, riu da situação; sabia de sua beleza indimensionável. Então o corno-sentido, foi ao banheiro sentou na privada e defecou lá mesmo seus devaneios. Enquanto isso, O casal discutia como fariam, ela ainda não aceitava, mas ele já levava como certo. Passou 10, 15, 20 minutos e nada de Gustavo. Começaram a se preocupar, "Cadê esse otário? O invejoso já fugiu e nem mesmo vai ver minha vitória", Rodrigo se vangloriava em segredo, olhando de tempo em tempo pra menina linda. Foi então, que ouve-se um grito! Todos assustados - apagaram-se as luzes, o corpo do garanhão estava estendido no carpete chique com um furo nas idéias. Cecília gritava feito uma violentada, e Gustavo atônito balbuciou algumas semi-palavras. A perícia veio, não tinham provas, arquivou-se o caso. Rodrigo tinha muitos inimigos, ninguém gostava dele, isso ajudou no mau caso da polícia em achar o assassino.
Depois de algum tempinho digerindo a boa perda, Gusta levou Cê pra casa, na porta, no último abraço ele ouvi bem sussurrado, "Fui eu, amorzinho". Ele olhou pra ela espantado e sorriu malignamente. Ela retrucou, com um piscar de olhos insinuando seu tesão. Então confessa, "eu queria tê-lo matado, Cecília! Nem nessas horas posso ser homem? Porra!"
A garota riu descarada e gemeu, "Tu é um frouxo gostoso, só isso..."
Os dois se beijaram, entraram e - até que enfim - Gustavo fez papel de homem.
"Reflitamos"
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
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Rasgação de sedas

7 comentários:
História fantástica! Com destaque para o final...
Allan Poe que se cuide.
Me sinto até mal, mais tenho uma crítica a fazer. Obviamente não é sobre a estrutura e nem sobre algo gramatical, e sim pelo rumo da história. A minha crítica é extremamente pessoal; no momento em que vc afirma que Rodrigo possuía vários inimigos, vc deixa claro a difença de personalidade entre ele e Gustavo, tornando a disputa mais injusta, e a história mais envolvente. Porém o final se torna confuso, deixando que a leitura repita-se criando a dúvida, e deixando a vitória do casal evidente porém minúscula. Resumindo, excesso de maldade rsrsrs. Apenas uma observação.
abrçss
Eu me divirto com a maldade, mas não foi pra esse lado o meu texto, foi mais pro humano-torpe.
O enredo e a falta de coragem do Gustavo é o principal do enredo.
Já citado no título, "Homem pra todas 'a hora'"
Nossa, esperava um final romântico e saiu bastante emocionante e perturbador... melhor do que pensei! Desculpe a demora, volta às aulas, to meio perdida ainda. Tenho nova postagem... te espero lá. Beijos...
Ei, ei... Te linkei!
Bom final de semana...
Entendo quando vc diz que o texto que postei “caiu no lugar comum”, muitos blogs postaram sobre o mesmo assunto nessa semana. Nunca tentei escrever grandiosas histórias e confesso que só depois do blog (que é bem recente e com poucas postagens) que resolvi tentar por no papel meus pensamentos. Ainda é tudo muito novo para mim, mas com o tempo pretendo melhorar.
Muito criativo.
Gostei do desfecho da história.
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