sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Surdo, jamais.

Dirigindo à caminho de casa, Simão, pai de família e bom esposo, escondia de seus amados um costume condenável por sons, sentia-se sinestético. Ouvia ruídos do rádio, das palavras de seus acompanhantes e tudo aquilo fartava o vício imensurável, até o momento.
Conflito de carros. Rodas ao relento do ar, partes tão distintas agora se encontrando na dança da morte. O carro de Simão voa - o carro realiza seu sonho, quebra-se e morre feliz - ao olhar para o lado o homem vê sua prole dilacerada e sua mulher em posição profana, agora era ele e o som.
Os correspondentes ao acidente já não o saciavam, até que então percebe o corrosivo som do fogo que delimitaria sua vida, dificilmente gozou ao ouvir gritos de desespero.
Seu último momento. Esticou o braço como pode, aumentou o volume do rádio.Escutou e deixou de escutar...


"Reflitamos"

3 comentários:

Unknown disse...

Obrigado pelos elogios. O seu blog é interessante, tem textos bastante introspectivos, para reflexão.

Abraços!

André Cavalheiro disse...

Triste, mas o modo que narrou a morte foi tão intensa, que torna-se agradável ler, fica até bonito, belo texto.
Morreu feliz. Ou não.

Fernando Ramos disse...

Clap! Clap! Clap! Clap! Clap!

Cara, muito, muito bom esse!

Parabéns pelo texto. Mesmo.

Rasgação de sedas

Rasgação de sedas