sábado, 6 de dezembro de 2008
Num trem qualquer, vago e rápido.
Nada mais se resume em poucas palavras.
Apenas o que vivi de bom, podem ser ditas em breves segundos: "eu não vivi."
Desde lá, sou eu quem lhes tira o que há pra se viver.
domingo, 7 de setembro de 2008
Da minha vida só trago seus olhos no bolso.
Primeiro cravei a faca em meu peito, enquanto ela olhava; cortei-me os pulsos jorrados, ao tocar de suas mãos em minhas coxas; torpi-me tão somente com o fitar; com o alisar das madeixas minhas que agora tomavam a cor rubra. O velório foi simplório. Mas o que de fato o leitor vai querer saber é o que tinha eu em meus bolsos. Onde tenho de si o meu próprio. Brilhante esmeralda. Trouxe pra mim a única coisa que furtei-lhe em vida: os olhos. Tirei-os, um de cada vez, indolorosamente. Com as mãos sujas de seu suco, embebidas de palavras sem nexo. Assim como as que profiro, melhor, as que escrevo. Imaginem comigo, seriamente, o sangue escorrendo nas vestes e a cada centímetro percorrido deixasse escrito algo.
sábado, 30 de agosto de 2008
A mesma prosa do homem feliz
- Tão somente a noção de que minha carta estava terminada e a vontade que sempre tive foi consumada: a minha morte descrita num pedaço de papel que meu amor procurava. -
sábado, 23 de agosto de 2008
Não as conheço como me conhecem
Mas a mesma branda voz que ecoou e escorreu nas paredes das cadeias. Conhecer-me-iam se não tão difícil fosse me alcançar nas rochas.
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
Brincadeira de Bicho
Precisou reverter-se. Não teve a chance de olhar nos peitos daquela que prometeu dar o Céu e as estrelas, não abriu o sutiã estrelar; o universo à ser descoberto. A matéria-negra, não mais.
Descobriu em si próprio o monstro-debaixodacama. Escondido em seu coração, o mesmo assustador que não gosta da luz dos olhos daquela donzela, mas corre atrás dos seus anfíbios. Com a rede sedenta, esperando o primeiro grito de socorro do coração silenciado pelo seu falar forjado. Diria assim:
Carta a mim.
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Voz sedosa e peitos de vadia
Diriam-me que sou molestador, com os adágios prefigurados às mulheres; não desmentiria. Queria sussurrado o amor escrito e rabiscado o amor de atos.
Sempre que vierem me dizer se quero uma voz, direi que quero a do sentido, aos peitos da mesma vadia que falo com dor onde não se pode avistar.
terça-feira, 29 de julho de 2008
Monólogo do pai da mulher-mais-linda-deste-mundo
Ela nasceu e a vi com os primeiros olhos, sua formosa noção de sorrir, seu choro maestrado pelo doutor. Saí do hospital, aos braços de minha filha que tanto sorria, risada gostosa, contagiou a mãe.
Curiosa, foi ter em todos os cômodos uma história pra contar ao amigo imaginário, disse, “voei mais alto que qualquer pássaro já voou”. Nesses instantes estava eu de espectador, sem controle de fala, quieto e inerte à situação. Qualquer ranger de portas tirava-me a paciência, estava em um espetáculo.
Mãe começou a não me ver mais. Pegou-me ao lado da criança deitado, dormindo; Bastava a criança sorrir e o pai ia atrás de qualquer que fosse sua vontade.
Cresceu mais e tornou-se formada de curvas e olhar lascivo, eu a trancafiei em casa, não saia por nada e pura iria ser até que a morte me levasse, antes disso nada a usurparia. Sua mãe olhava com um olhar que eu não entendia; meio cerrado e odioso. Escarniava a qualquer sinal da bela filha. Ao sair pra trazer um de muitos dos agrados à menina, cheguei e o silêncio roubara-me o sossego. A porta de minha menina violada; já aos infernos entrei e lá estava. Jorrada de sangue minha perfeita filha jogada ao chão com o peito perfurado pela mão materna. A mãe com o olhar satisfeito, ao me ver começou a despir-se e eu pasmo, dei-lhe um juntado à fuça. Ainda com fúria, matei-a aos ódios; sussurrando a vida que lhe restara, me disse, “matei a mulher que tirou você de mim, eu não deixo ninguém contigo, Bernardo, ninguém”. O último fôlego foi para dizer que me amava. Depois com a menina em meus braços ensangüentados, falei no canto da boca, nossas maçãs-do-rosto encontraram-se no pomar melancólico da morte. Ela ainda bela com os olhares fixos no pai, que lhe trazia a felicidade a cada fitar fugaz. A vida levara minha única vida. Debrucei na garota de sangue. Dormi em teu leito e hoje conto a estória, esta, ao lado dos mesmos demônios que a tiraram de mim. Sou o pai da mulher-mais-linda-deste-mundo.
sábado, 19 de julho de 2008
Toda criança é inconveniente
São quatorze horas, seu pai foi comprar o almoço, enquanto ela pulava incessantemente, não sabia o porquê, mas falava ter ódio da terra. Quantos mais ela teria que saltar pra ser de fato completa, levava na cachola a obrigação destes. A inocente não parou em momento algum, até seu pai chegar. Com os pratos, em que se comiam com os olhos, sentou-se na sala de jantar, lambuzou-se com a macarronada trazida; Já jazida de toda a fartura foi ter com o mesmo Sol, que agora estava cabisbaixo. Fim de tarde ela o viu morrer na costa, onde ressurgiu como fênix, Lua.
Olhar fixado, pulou do abismo e caiu na estrada. Deixou bilhete: "Fui encontra-lo, deixei-me ir pelo Sol que me chamou."
Andou léguas, pulou as pedrinhas do caminho. Chegando na tal costa, encontrou: fitou a imensidão e ele com um sorriso na voz. Voltou caminhando, sem tirar o pé da terra batida, dizendo: "o amor não é o que procuro."
segunda-feira, 14 de julho de 2008
Tentei cronicar
Lá foi o menino destilado de palavras feias gritar na rua com os pobres meninos pobres. Pensava em: nada igual. Queria mais do que todos, menos que todos, e justiça, quando lhe fosse conveniente; na rua da avó morta, corria impetuoso, com os cabelos ao vento imaginava-se vilão. Com a donzela usurpada, de cócoras ao céu, resplandecente visão infantil. Inocência que assusta. A criança vivia ao prantos, para que lhe fizessem jus a tal brincadeira; o momento passou, somente, flutuou.
Tornou-se, viu no fim da rua o amigo, de seu lado a doce menina. Julinho possesso, vontade Possuir. Passou...Passou, comeu...Passou.
Na frente da casa de D. Melinda, que tinha um olho faltando e no lugar usava o do marido; Júlio, agora mais velho, veio pra brincar de médico; e de consultório, D Melinda não deixava seu quintal usar. Convenhamos que nosso leitor sabe que de nada adiantou. O rapazote chegou por de trás, duas aliás.
Na musiquinha que eu tanto tento cantar à vocês; fica o ensejo, mas não meu sucesso.
Passou-se mais, outros se foram, esses chegaram...
Julinho sentado na bera da calçada, roendo os dedos e mastigando os seus pensamentos.
Ele sempre quis ser assim, mas era gostoso. Então já viu.
quarta-feira, 9 de julho de 2008
Shakespeare não me ensinou a matar
quarta-feira, 2 de julho de 2008
Narciso no Olimpo
Licença de novo. Saia, por favor. Ao voltar espante-se ao ver-me no canto da sala vermelha, com os olhos virados e pele estranhamente pálida. Ao me verem: Saiam, de novo. Mas voltem, quero relutantemente ver vocês com os olhares velhos. Espantaram-se? Saiam. Voltem. Quero que a pena atribuída a mim, seja sem razão, com naturalidade. Sem surpresas.
Fitem-me sem explicar-me.
Com o amor deitado ao meu lado, também morto, abraçado comigo. O romance de voyeur, com os olhares abruptos. Escreve e alterna o fitar interessado. "Não me faça cometer o mesmo erro. Só me diga quando, quando vou poder tê-la ao meu lado sem erros ou acertos, ou até quando, eu vou ter que escrever as nossas aventuras, a cada acontecimento me passar o adágio de uma possível história de amor.". Lágrimas vieram a seguir, com um toque sutil de dificuldade, o som ambiente e a escuridão da sala, trouxeram a amargura de um momento a mais.
Não terminado, obstante ao rigor do instante o coração brincou com o carpete, o romance deitou-se.
Todos viram a peça de Eurídice, com suas dádivas a mão. Tebas deixou o conflito com Hércules, pra me assistir. Meu desejo acabou em suas frentes, enfrentei. Hera me deu alento, acariciou-me os cabelos.
Zeus, prepotente, pensou em si. Hera me levou, ao seu quarto, fez-me deitar. Fizemos amor. Ela disse que me amava. Meu coração voltou em si. Agora, na garganta uma forte mão lúbrica.
Saí com a marca de uma amante divina, não a quis mais, meu coração mortal pertencia. Não mais: a ninguém.
Eu fui Zeus, ao menos na cama, ao menos uma vez. Narciso era eu.
sexta-feira, 27 de junho de 2008
Disseram que eu não sei escrever romance
De frente, adiante, exitando tudo e nenhum gesto meu, falando carícias e passando em mim as sérias. Serias tão digna. Inclinei o rosto, a música estridente do corpo em conflito, gemido.
Agora só cinzas, que nunca mais regozijariam da vida novamente. Fênix teve seu fim, lento e gostoso. O peixinho dourado com memória fotográfica. Olhou pra mim, sentiu mágoa até seu fim, minha feição de bom moço, de costas, e testa franzida ao virar para o aquário vastidão desconhecida do pobre nadador, que na cachola só meu pesar tinha.Vi meu amor chorar as lágrimas falsas que amei ver, a mentira me interessou e fiquei contente ao vê-lo.
Eu não sei dizer sem mim, por isso não sei escrever romance e se sei é só pra ganhar em troca a noite de alguém. Seja poesia, mas que seja concreta enquanto dure.
sábado, 21 de junho de 2008
Voltei a matar
Eu queria só pra mim aquela dor, só pra mim, que fosse auto, não provocada.Não-provocada. Que ninguém fosse culpado da minha parafilia. Minhas síndromes, suma, minhas. Meus torceres e piscares frestados daquele sol rubro de fim de tarde. Com as afiadas a mão, e teu corpo lá na cama esperando-me, com o suor. Deixei-a, a linda, em cima da cabeceira espreitada de segundo a segundo com canto do fito. Conhecia o morto, com as mãos que ainda eram impedidas, com as antigas mordidas. Ela sabia. Não fugiu. Abriu os braços e me disse que estava pronta pra receber-me, seja, encardido pelo amor festeiro, que no mesmo dia consumira meus doces da memória, mas esqueceu um. Aquela raiva voltara, bateu a porta e entrou, porta aberta. Caminhar devagar, não parecia ela. Chegou no peito, pulsante e dolorido. Encostei na lâmina e olhei o reflexo da escuridão, que inclinava a cabeça. Feri, o primeiro correu-se, a gota incrustada no meu tórax, também começou a jorrar sangue; Elas chorosas gotas de sangue, que corriam do corpo meu ao corpo dela. Sem permissão, começaram.
No dia anterior a vi. Com outro, negando e sorrindo. Sorriu à todos na sala. A faca pediu permissão, não foi descortês sua maleficência. Voltamos ao agora.
Sublime amor que ela dizia no canto do meu ouvido, intercalando gemidos e respirações lascivas. Ela infiltrara-se. Também, com o amor da minha lâmina. Mostrou-me suja. A cabeça saía do lugar, tempo em tempo, tão somente para procurar de volta a vida que fora tirada. Mão a mão. Faca a faca.
O último beijo. Com os lábios roxos, de ambos. E com o último suspiro. Este: louvor meu.
sábado, 7 de junho de 2008
Meu mero amor travestido
Nos palcos este amor dançou; com garotas ou garotos, juntos ou não. Se depravava aos outros amores-vigias, com os olhares pequenos, frestados e medrosos.
segunda-feira, 2 de junho de 2008
Minha estória gargulesca
Subi ao meu. Sentado ao relento dos pensamentos, interrompeu-me. Com o olhar tagarela, me puxou ao hall, com o mesmo soberbo elevador de antes. Dentro um homem garboso e sem graça. Virou pra mim e disse que não me amava mais. Indaguei a causa, conseqüência, e qualquer que fosse a pergunta, nexo ou sem. Derrubei à ela meu coração, que da boca usou de saída. Saiu encharcado da sovina amorosa e manchado daquele mesmo remédio que o fez sorrir.
- Você me amava enquanto estávamos juntos?; com palavras cortadas.
-Não...
O descaso e o sorriso largo na face da moça tirou-me o chão. Um abismo que não cavei, tomei pra mim.Tornei a ela, e a paixão só crescia, não cessava. Deixava mais profunda a ferida. Abri a porta. Ela apontava pra ele e dizia convicta: - Esse que eu amei, e amarei.
Tornara-me um elevador, que de tempo em tempo, tão somente, saciava o amor pelas donzelas que adentravam seu coração, passageiras, as mais belas. Aprendi a amar seus amores, porque dentro de mim fizeram as loucuras que tive de ver. Agora não mais, porque refugiei-me no dos outros; subi ao último andar do prédio antigo. Olhei para os lados, muitos cúmplices. Antes de mim. Diante, também. Todos à mercê de um respirar mais longo, ou adágio saudosista da boa época. Encarei o chão. Ele também me traiu. Abraçou outros e não a mim.
Nada sou...Um gárgula namorador de gotas de chuva. E, ainda...O Sol vem me privar.
sábado, 24 de maio de 2008
Malabarista de facas à plateia de arqueiros
Foram preparando as flechas, fintadas de fogo, sabiam que algo iria ocorrer, poderia ser de morte. Os violinos começaram, seguidos do suspiro ensurdecedor do malabarista com as lâminas a mão. Dispôs, aleatoriamente, com tão esmero que a platéia pensou que o show começara. Eram blá de lá, e cá: resmungos de bebê. Os trompetes anunciaram: começou a artilharia. Eram sinais de fogo em todo o teatro, o garoto regendo a orquestra, com a batuta afiada. Queria se fazer amar, mas a bailarina, seguinte, tirou seu tão mistério. O espectador não era mais o teatro, a levara pra cama. Enquanto sonhava com a transa, a platéia voluptuara-se aos pares e ímpares, sobre tudo em vários.
Uma faca caiu, cortou o véu da bailarina já quase despida com os olhos, o malabarista apreensivo, com fixo fitado na moça. Resolveram: "levaremos todos, conosco." O salto da dançarina, o jogar do artista. Pinturas ao ar. Impetuosos e flechados: olhares de flechas.
Fecham-se as cortinas. O show tornou-se, atua confidente.
segunda-feira, 12 de maio de 2008
Queimado em lareiras
quarta-feira, 7 de maio de 2008
Garota das sardinhas
Garota dos pontos na face, que desenhavam perfeitamente a forma do anjo que de noite ia lhe desejar, no coração nodoso, uma escuridão acompanhada. Tornara suficiente o amor que o seu sentira, nem por ela era. Encostava as maçãs do rosto no travesseiro molhado e logo sentia o vento quente subindo pelas pernas. Ao fechar os olhos, lhe trouxeram a visão do arcanjo profano e mentiroso; divertiu-se e brincou de contar estórias de amor para o anjo que lhe fez desacreditar no dito. Para a garota era de simples e concreto pudor pensar que o amor não existia. Ela se enganou, adiante viu: o amor a sua frente desnudo.
domingo, 4 de maio de 2008
Eu amaria NY
Andei por onde o touro anda, andei por onde milhares pularam. Andei por essa cidade que não conheço. Andei procurando algo pra amar; não achei na mulher, não achei nas ruas, desisti de procurar.
Acabei por pichar em um muro qualquer: "Eu amaria NY"
quinta-feira, 1 de maio de 2008
Um (de) repente
De frente a tela via os amantes se amarem, no desajeito da tentativa, Souza teve a triste idéia da cópia que mais tarde fez Débora enojar-se com a falta. Então começou a matutar mais, e outras, e mais algumas até que suas preces foram ouvidas. Débora tropeça e cai. Ali em sua frente, morta e ensagüentada. Ele pensa: "Se o que sentia era falso eu gostaria de saber, porque ser canalha sem saber é um dos pecados mais brutais."
O que mais posso fazer(?); erramos de sala. Não gostamos de filmes assim.
"Reflitamos"
sexta-feira, 18 de abril de 2008
Mendigo orgulhoso em um hospital tenebroso
Dias correram, uma menina de curioso buscar, entrou em seu quarto e sentada no quanto olhou Rodrigo ter enlevos, que consentira em busca de atenção, a menina ateu-se, em passos curtos e descobertos chegou defronte a Rodrigo. Chegou perto de seu ouvido e falou baixinho as palavras de alento que o homem tivera de ouvir, depois, devagar, beijou-lhe a boca com a lascívia infantil que trazera. O homem sussurrou fraco e potente: "Se for pra ter amor, que eu morra antes", seu corpo o ouviu.
Morreu na frente da menina que sorriu na morte. "Se for pra fazer amar, que eu mate antes".
"Reflitamos"
sábado, 12 de abril de 2008
Estória de Israeis
A distração sentimental trouxe os tempos de glória, ouvindo Mozart gritou, pro primeiro que o passou, toda e qualquer vontade do coração. Sorte dele. Desapareceu na escuridão do quarto com o bafejar do parrudo na nuca; que depois de saciada constrangeu-se e saiu em disparada. Pronto, mas um que execrava-lhe os modos. Ele se encontrara com Lucíola, garota feia e bem chata, mas que não negava o xibiu a ninguém. Tomou-lhe as dores da feiura e acabou matando a coitada de raiva.
O Natzi então cresceu viveu mais alguns anos na década de trinta, com certezas e poucas dúvidas. Mas com a pior de todas: "Por que tenho menos machos?"
"Reflitamos"
quinta-feira, 3 de abril de 2008
Injúrias de Ana
Xingou o Pai das Notas, injuriou o São João que foi seu muso. Foi ter com os reis o que tanto procurou nos plebeus; Sentou-se na primeira trepidação da rua, tanto a quis perto.
Entrou no trem, saiu logo à frente. Deixou dentro seu amor imaturo, tempos; se acostumou com a ausência inoportuna. Voltou ao mesmo vagão.
Viu defronte o mesmo amor, um pouco mais maduro com roxo no olhar e mãos coladas ao tórax, pela dor. Ao vê-lo derramou o sorriso no colo do visto, ele com ar de tímido deu resposta nas suas inteiras-palavras.
"Eu procurei você. Mas mais divertido era perceber que as mulheres são castas. Até que'u prove o contrário."
Nesse instante a porta se fechou e na outra parada o Amor disse as mesmas palavras, a mesma consciência, mas de outra mulher.
quarta-feira, 26 de março de 2008
Não queimem as calcinhas
Um dia deu bofetadas na primeira menstruada que encontrou, depois de ensagüentada, em dois fluxos, ele observando suas súplicas e movimentos de misericórdia deu-lhe tudo o que a menina queria. A menina de lábios roxos e pele branca, só assim Rogério admirava. Morta.
No andar das horas, sua cúmplice consciência se fez sórdida e de nada mais adiantou lutar. Foi de casa em casa atrás daquelas que tanto tiraram o sossego da alma.
No quarto onde ficava segredando com as paredes surdas, um curioso menino viu o assassino pousar na frente do espelho com as roupas funestas.
No espelho estava grafado de batom roubado: "Não queimem suas calcinhas, dêem-me as."
Apalpava lhe o busto; na procura frustrada, viu o menino. Para próprio(a) se sentiu desejado(a) e de tudo que mais pensou foram coisas que os meninos não fazem.
"Reflitamos"
quinta-feira, 20 de março de 2008
As lembranças de Chopin
Arquivou-se mais um integrante do teatro da vida; puseram-se em expectativa. Teclas apaixonadas gritavam e ecoavam as súplicas do amor que estava por vir, e não chegava. De maneira de Frederic ficava aflito de tanto lhe fazer paciente ao saudoso tempo que lhe trazia brincadeiras de crianças. Onde pulavam os discos riscados pela chave tediada do seu coração disperso.
Tão somente, encontrou-se na beira do abismo em que tanto encontrou apego. O buraco soturno prometeu-lhe aventuras durante a queda.
Suspenso daquele instante. Não se lastimou da dor, divertia-se. Encarava-lhe quando viu a mulher, aquela que tanto o fez parnasiano. Brilho nos olhos, o fogo lambia seu corpo pornograficamente, agora, o sangue tomara proporções devastadoras, a cada célula invastecida pelo sentido lhe fazia tremular a cada palavra tentada.
Frederic agora sentado à frente o piano, tocou. Desfrutou de cada nota, cada pressão que sua mão fazia sobre os tais contatos, com certo desdém trocava-lhes na seqüência da perfeita harmonia.
O silêncio agora tirava toda ‘quela dor que antes mitigou seu interior confesso de vontades.
Calou-se e voltou a calar, até segurar pra si todas as notas pensativas.
sexta-feira, 14 de março de 2008
Homem que pensava falar
"Ei, garoto, vem cá me dar algum tempo seu, de atenção!", pensou dizer o velho. O menino continuou o andar, cabisbaixo e reflexivo.
Virando, fitou seu servente sentado na ponta da escada lendo o panfletinho que a brisa tinha trazido, mais forte do que antes escandalizou o seu pensamento. "Ora essa, o que se passa nessa vila?"
O idoso mal encarado, levou mais longe e desintegrou a realidade em ilusões que jamais pensara. Desta vez se fez de vítima; Coronel malogrado. De tempo em tempo ele indagava o local em procura de um que o ouvisse. No outro lado da rua tinha em mesma situação uma menina, que como ele tinha o olhar vago e soslaio. Tampouco se passou e tudo, todos os instantes passados foram suficientes para que o senhor matasse o seu pensar.
Pensara milhões de vezes antes do suicídio psíquico que fizera poucos segundos atrás. A menina espectadora, divertiu-se a cada espasmo que o velho fizera, cada suspiro de dor inexistente e cada refugio que encontrara na morte. Seu último fixar foi divino, a menina que só via, agora escutava as súplicas do artista funesto.
Sentira ciúme infantil e gritara. Ninguém a ouviu. Agora, a menina que pensava falar.
"Reflitamos"
terça-feira, 11 de março de 2008
Onisciência de Zeus
O grande Libertino caminhou entre as faces do caminho inconsciente e viu lá no fundinho da própria alma o rosto de Aurélia, generou-lhe o instante tão pitoresco que nem mesmo ele sabia dizer se tinha a completa razão de olhar com desdém tal forma perfeita.
Na insuficiência da suas palavras, arranhou alguns superlativos que nunca havia pronunciado. Ou impronunciáveis. Não ficou sequer um músculo imóvel, todos entraram na orquestra dançante do embaraço de Libertino, que fez papel de poeta pra tentar levar Aurélia pra cama, mas de nada adiantou só ela manejava o leme da dependência.
Ambos eram prostitutos da vida moderna que tiraria logo a frente as suas vidas, no mesmo instante. Para desfrutarem da volúpia com Afrodite de voyeur. (Shiu! Zeus não sabe.)
"Reflitamos"
segunda-feira, 3 de março de 2008
Acorde de um violino desafinado de um afinador impotente
Notas tortas e desafinadas, nem o desejo - sentimento veemente - me deu a competência que precisei. Joguei-o de lado e juntei-me a eles.
"Reflitamos"
domingo, 2 de março de 2008
"Rasgação de seda"

Aqui vão meus indicados:
- Say And! (Principiante experiente)
- Baú do Vovô (Maturidade "in"útil)
- Fio Da Navalha (Suicide sua burrice)
Obrigado a todos que me lêem!
E como de praxe:
"Reflitamos"
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
Vida finda de um imortal
Andou, divertiu seu púbis cansado do sedentarismo de suas pernas, que antes só herdavam dores de falta. Lá no finzinho de algo que avistou, sentiu-se vazio. Em demasia. Mero momento de idade.O coitado se colocou por vontade!
Aquele afinco recôndito em flagelar o pensar; foi logo visto em prosa pelo desconhecido que o mirava de relance, noutro lado da rua. O estranho riu, por conseguir reacionar o mínimo de constrangimento alheio. Com o fato - e ainda bem perto de casa, subiu pro apartamento modesto na rua bonita, a Rua Parede. Sentou-se no sofá e lá voltou a ser o que era, mesmo que depois de todo aquele caminho percorrido por sua reflexão, ela morrera no instante em que pisou na parada moradia urbana e com muitos cantos. (acho, por isso que tanto tomou-se como pouco e sentiu-se como muito)
Falava sozinho, não por ser doido ou por falta de amigo, só confiava, muito, em si mesmo e tudo aquilo, seja um textinho mal escrito ou um palavrão mais cabeludo, ouvi-lo era seu maior prazer. Seu próprio analista.
Café forte pra reanimar o que não pode mais, pão fresquinho pra saciar o que não se dá mais. E essas, inúteis vão tomando seu tempo - em momento algum o perdendo, se divertia fazendo.
Um dia destes que qualquer um mais corajoso renunciaria a toda crença e se poria, de ato, na suficiência: mais uma vez desceu o elevador pensativo na agitação, mas quieto e aflito no silêncio interno, que teimava em persegui-lo. Abriu a porta, desceu para rua. A Parede o entendia sussurrar de novo os mesmos versos escritos por uma mão fraca em poder de uma caneta infinda.
O tal garoto não vingou, enquanto via o mesmo estranho intruso e sádico num momento oportuno de vingança.
Uma agitação na Rua Parede que'u não esqueço. Mesmo vendo daqui minha própria vida, que deixei de viver a muito tempo.
sábado, 23 de fevereiro de 2008
Clichê dos surpresos
Em meio a tudo, seu último ato angustiado, foi encarar-me com pena, satisfeito e embabecido pelo meu amor, tão somente, escondido. O navegante dos meus mares pensativos, agora não mais tinha o leme em seu poder, o medo se instalou no meu coração pela ausência. Então retorci-me diante aquilo e gritei um ruído quase silenciado pelo horror.
Por fim deixou-me indefeso no canto do hospício metafórico, que se chamou; antes de ir, me disse uma frase afável e egoísta, que por mal, endoideci de paixão. "Porque de pouco me fez, e de pouco serei, só por te fartar o bom.", disse minha última.
Foi-se, então, perdeu-se em meio toda aquela claridade e retrospecta, vagarosamente, caminhando com as pernas, não com a pressa.
"Reflitamos"
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008
Realidade Fantasiada
- Não se compra essas coisas aqui, meu sr.
- Como não?, respondi abismado.
- Isso é sentimento, não tem preço e não se encontra em prateleira.
Ainda muito confuso, agradeci a atenção, mas virei com certo ódio da resposta. - sem querer saí com a mercadoria errada.
Fui logo descendo e subindo as escadas desordenadas da cidade que não me encarava nos olhos. Na próxima loja; comecei:
- Pode me dar um amor?
- Aqui, meu senhor, não é hospício.
- Como assim? - já frustrado.
- Por favor, não amole. Vai comprar algo?
Saí da loja com sinais de dúvida. - mais uma vez comprei o que não queria. Na rua da vila movimentada eu vi lá no fundo uma mulher de poucos acontecimentos, sem senhoria nem nada que lhe trouxesse respeito. Ela reduzia-me em um ser qualquer e ordinário. Achei que uma pessoa assim podia me dizer onde conseguir um amor.
Então não evitei, fui logo perguntando: - Você vende amor?
- Vendo sim!, respondeu a garotinha.
- Que bom poderia me ver um?
De prontidão levou-me ao fundo de uma rua e lá se despiu. Eu já gostoso do ato, não recusei. Quando fui me desvaler daquele cabimento, ela me repudiou e disse:
- O que queres?
- ...
- Não queres Amor?
- Quero sim.
Depois tomou-me as mãos e olhou em meus olhos. Aquelas luzes fortes que saiam de seu sorriso inanimado hipnotizou-me.
- Toma-me e leva-me como teu amor.
- Como?
- Leva-me como sua.
Com todo o rebuliço eu a usei. Mas depois de violada ela me olhou e resmungou taciturna:
- A partir deste, sua descendência nunca mais chegará perto do Amor.
"Reflitamos"
terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
Confusão de rua
Clarice, astuta, sempre brincava de descobrir, com suas mãozinhas fez o diabo, marcas na parede até no lençol do colchão. Já Daniel, tranqüilo e com pouco atividade, fazia o que pouco lhe agradava, lia muito e pensava demais...Fantasiava-se e transportava-se para estórias que sua mãe desconhecia.
Então, por fim, a confusão. Ele e ela tinham muitas coisas incomuns, não agradavam olhares mediadores, mas nada de mais aconteceu, até que o patriarca encontrou o menino sentado no banheiro, satisfazendo seu instinto feminino resguardado. Já Clarice, a pegou se amassando com a prima a noite no celeiro, suas atitudes foram tão fogosas que seu pai desconfiou: "é demônio!".
Com essa notícia se espalhando no vilarejo a mãe Odélia não se conteve e enforcou-se com o avental de cozinha. Tamanho desgosto sobrou, todo, pro pai Osvaldo, que também tentou, mas o que conseguiu foram só algumas fraturas. (tal motivo pro apelido de azarão)
Aqueles boatos tinham pernas próprias, mal precisavam de fofoqueiras, se proliferaram com praga. Caos, tomaram conta de outros encarcerados mentais...
Houve o que houve e todos, até hoje, culpam Osvaldo por toda aquela desgraça. Daniel se assanhou com o padre da igreja, que largou a batina pra ser passivo. Clarice desbancou, pegou violão e gritou ao mundo suas posições favoritas. Osvaldo tornou-se imortal, como punição, feita por um macumbeiro da vila. A cidade foi extinta e sobrou, tão somente, Osvaldo, espectador de desgraças.
- Rua Saramago mudou de nome. Quer dizer, não existe mais, mera lembrança de amnésico -
"Reflitamos"
sábado, 16 de fevereiro de 2008
Diga-me mentiras
Bruna o contou as coisas que ele pensava; repleto de ódio pela invasão surrou a menina e tirou-lhe a vergonha da amarga secura.
Logo depois ele disse baixinho: - "sem mesmo você querer, eu te disse: me diga mentiras"; a garota largada respondeu com suspiro sádico e balbuciou impronunciavelmente vaticínios funestos.
A profecia o fez pensar; de como é bom ser um resto com vontades saciadas e deslumbre da calúnia.
"Reflitamos"
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
Homem pra todas "a hora".
Começou lá a batalha. Rodrigo logo começou discutir coisas que a agradavam e Guga quieto, inerte à situação. Então foi um punhal no peito. "Quer namorar comigo, Cê?", desmoronou por dentro e regurgitou um sorriso. "Filho-da-puta, como pode fazer isso comigo?", pensou Gustavo aterrorizado. Cecília sem palavras, riu da situação; sabia de sua beleza indimensionável. Então o corno-sentido, foi ao banheiro sentou na privada e defecou lá mesmo seus devaneios. Enquanto isso, O casal discutia como fariam, ela ainda não aceitava, mas ele já levava como certo. Passou 10, 15, 20 minutos e nada de Gustavo. Começaram a se preocupar, "Cadê esse otário? O invejoso já fugiu e nem mesmo vai ver minha vitória", Rodrigo se vangloriava em segredo, olhando de tempo em tempo pra menina linda. Foi então, que ouve-se um grito! Todos assustados - apagaram-se as luzes, o corpo do garanhão estava estendido no carpete chique com um furo nas idéias. Cecília gritava feito uma violentada, e Gustavo atônito balbuciou algumas semi-palavras. A perícia veio, não tinham provas, arquivou-se o caso. Rodrigo tinha muitos inimigos, ninguém gostava dele, isso ajudou no mau caso da polícia em achar o assassino.
Depois de algum tempinho digerindo a boa perda, Gusta levou Cê pra casa, na porta, no último abraço ele ouvi bem sussurrado, "Fui eu, amorzinho". Ele olhou pra ela espantado e sorriu malignamente. Ela retrucou, com um piscar de olhos insinuando seu tesão. Então confessa, "eu queria tê-lo matado, Cecília! Nem nessas horas posso ser homem? Porra!"
A garota riu descarada e gemeu, "Tu é um frouxo gostoso, só isso..."
Os dois se beijaram, entraram e - até que enfim - Gustavo fez papel de homem.
"Reflitamos"
terça-feira, 12 de fevereiro de 2008
Fartando doidos
Aquilo o saciou, mas o próprio nem quis mostrar o que sentia. Depois dos instantes em silêncio o alienado responde indiferentemente: - Sim, sou eu mesmo. A menina arregalou os olhos e saiu correndo em direção da esquina mais próxima. Ricardo continuou andando, curtindo as palavras da singela garotinha na sua brasa mental, alimentando-a.
Lá na esquina, a menina encontra uma mulher, já senhora de experiência, que lhe estendeu a mão com alguns trocados, que de prontidão a sapeca aceitou e sumiu no horizonte.
Com Ricardo ainda em vista, a misteriosa sorria ao ver seu desejo cumprido, mesmo que comprado, os passos do rapaz a contentaram...
Por fim a senhora sentou no chão com pensar alienista e balbuciou qualquer coisa na esperança de achar outro doido pra fazer feliz.
"Reflitamos"
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008
Toda a história
É amiguinhos, essa era mais uma.
Sumiu. Ninguém procurou, só ficou na lembrança daqueles que a tiveram."
- Pronto, amor! Já me saciou a vontade de ser uma quenga...
"Reflitamos"
domingo, 10 de fevereiro de 2008
Não gosto de poesias
Corpos no chão
Que valem algum tostão
Sinal que tá tudo errado.
Lógico imbecil -
Não seja assim tão vil -
Se acabou
É sinal que alguém errou
Mas lógico,
disso eu sei.
Vivemos num zoológico,
como reféns.
Gente garota e sem experiência
Rouba seus bens.
- Disso eu sei -
Então, qual a vivência?
Animal, seu tênis -
O que tem meu tênis?
Está desamarrado.
Ah, obrigado...
(O garoto o empurrou e roubou)
Realmente, amigo.
(Falo comigo)
Está tudo errado.
E ninguém pune o culpado.
sábado, 9 de fevereiro de 2008
Persuasão
"Reflitamos"
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008
Surdo, jamais.
Conflito de carros. Rodas ao relento do ar, partes tão distintas agora se encontrando na dança da morte. O carro de Simão voa - o carro realiza seu sonho, quebra-se e morre feliz - ao olhar para o lado o homem vê sua prole dilacerada e sua mulher em posição profana, agora era ele e o som.
Os correspondentes ao acidente já não o saciavam, até que então percebe o corrosivo som do fogo que delimitaria sua vida, dificilmente gozou ao ouvir gritos de desespero.
Seu último momento. Esticou o braço como pode, aumentou o volume do rádio.Escutou e deixou de escutar...
"Reflitamos"
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008
Benevolência Policromática
Até quando o interesse instintivo - se...cofcof...xo - do ser será reprimido por nominhos mais afáveis?
"Reflitamos"
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008
Terra das Frutas
O Prefeito tinha lá seus defeitos, estudado e bem crítico, andava na rua dando tchau's à todos que visse; só que pecou ao cumprimentar Doralinda, a tal garota. Ela logo se jogou ao seus braços desculpando-se e culpando o degrau tendencioso; convidou-a para encontrarem-se sem mais delongas e ela aceitou, fingindo uma timidez que beirava atuação mexicana.
No encontro. Trocaram olhares, e carícias por debaixo da mesa, ela já sabida da lascívia, o divertiu com quentes passadas de pernas. Logo o levou ao motel de sua freqüência e lá destilou-se o tesão enrustido nas horas passadas.
Doralinda, no final, despediu-se, sem dar-lhe esperança. O Prefeito a fitou e suplicou: - Por que?
Redargüiu a mocinha da vida: - Não é o bastante.
Terra das Frutas nunca mais vendeu bananas, pois a fruta lembrava - vai saber o porquê - seu fracasso. E que homem suporta a recordação de sua insuficiência?
"Reflitamos"
quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
Alerte todos: "Temos um novo comandante"
Sou de Sarteiro e vim com vontade de sangue. Quero que ele me enfrente como mero homem que é, sua forma me humilhou por apenas existir em tantos outros momentos que o fizeram difamar-me sem proferir uma palavra.
- Não era mais evitável, as "idéias" seriam destacadas do corpo e tudo teria fim -
Se encontraram o desafiante estava apontando-lhe um punhal e o desafiado punha-se em alerta, o conflito começou com promessas...
A cabeça fitou o olhar de todos os espectadores e depois tiveram a noção de um provocador imbecil que teve suas entranhas à mostra.
O assassino pegou gosto pela morte e gritou:
"Quem se atreve a não seguir a vida de subordinado?"
A multidão, toda aflita, se aquieta...
Aviso à todos: "A divindade foi roubada"
"Reflitamos"
terça-feira, 29 de janeiro de 2008
Gatafunhos ensagüentados
Pegou um papel e desenhou o que sentiu; traços pra cá, borrões pra lá, mas de nada significava aos outros, isso o irritava, a tal ignorância que me falava era dilaceradora, sentia vontade de apunhalar o primeiro que duvidasse da profundidade de seus rabiscos.
O primeiro foi Charles, ousou perguntar o que significava e foi encontrado no monumento aos Bandeirantes, nudu e enforcado por suas próprias roupas.
Meu filho é um mero doente pelo que faz e todos não vêm nada além da patologia efêmera, já eu vejo tudo de mais lindo que se possa existir.
- Ao fim do depoimento, seu filho lhe apontou a arma com olhar de aprovação pelas palavras e terminou com um tiro na fronte de seu pai. -
"Reflitamos"
sábado, 26 de janeiro de 2008
Putz, sonífero demais
Um bilhete como adorno foi lido em voz alto no seu velório:
"Estou depredado pela'quela que custa em fechar meus olhos, teimando não me matar...Só deixando-me degustar pedaços do paraíso que irei deleitar quando a definitiva me levar sorrateiramente ou não."
Todos choraram - sem mesmo nem entender aquelas palavras. - menos um, que se indignou com a reação de todos e soltou:
"Como podem chorar ...? Só queria dormir...Dosagem errada de sonífero!"
Choraram mais ainda..."Pobre homem. Morreu infeliz e com sono."
"Reflitamos"
sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
Inferninho no ponto.
quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
Noites sem escrever
Deitou-se, como se dissesse ao mundo que desistiu, retorceu-se na cama simulando um ataque pra ver se na angústia conseguia algo para escrever - de um lado para o outro. Avistou - antes de pensar em auto flagelo - uma luz branda vindo debaixo da porta enriquecendo o quarto sombrio.
Naquela penumbra viu o adiante. Desesperou-se ao saber que nada era, além de uma vastidão de vagos augúrios que de nada puderam lhe acrescentar. Aquilo o comoveu e fez levantar-se, sentado na beira da cama provocou certas frases - ruins, de péssimo gosto. Logo engendrou uma porta fictícia e abriu...Passou por ela e alcançou com olhos d'água um poço com uma identificação, dizia "Jogue-se". Após a notória exacerbação de seu sentido caminhou ao poço. Chegou lá...Quando ia aprofundar-se na memória daquele abismo, voltou para a cama.
A sua boca estartou-se em desejo; pegou o lápis e ainda, nem mesmo com toda aquela ocasião, não conseguiu escrever nem sequer um vocábulo.
"Reflitamos"
domingo, 20 de janeiro de 2008
Teoria da Relatividade
"Reflitamos"
sábado, 19 de janeiro de 2008
Doutor: "Eu te amo"
Doutor:
-Eu te amo.
"Reflitamos"
sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
Bernardo, caçador de coisas
Ouvia Jazz quando entrava alguém que queria impressionar, ao sair deliciava-se com pagodes e funks infames.
Bernardo era bacana. Um cara descendente, que ouvia escárnios e só era lembrado pela burrices que fazia.
Pobre Bernardo, mais um de muitos.
Ah! Bernardo era um bom cozinheiro.
"Reflitamos"
quarta-feira, 16 de janeiro de 2008
Renascer dos crédulos
Estou sob a guarda de suas contas-correntes, onde deposito toda minha confiança - mas é claro. Onde posso a-creditar todo meu coração própero.
Reflitamos.
segunda-feira, 14 de janeiro de 2008
Aroma visual
Ode escárnio que tanto resulta em escória medonha. De meu poetismo cínico só taciturnaria um gemido eloqüente.
"Reflitamos" - mesmo que no meu realismo tão amador.
domingo, 13 de janeiro de 2008
Santa...
- Flor irá à Nópolis?
Depois de meu rápido sinal de afirmação ela foi deitar-se e nesse período abdiquei de meu sono para poder vê-la dormir.
Ô, santa Catarina, beata de meus sonhos.
"Reflitamos"
sábado, 12 de janeiro de 2008
...Catarina.
Catarina, bela minha. Devassos são seus olhos que só me despertam o único suspiro, de todo meu coração.
"Reflitamos".
terça-feira, 1 de janeiro de 2008
O Pôr do Sol
-Papai o que é isso?
O pai impaciente pelo ambiente que o cercava logo conceituou:
-É um mendigo, meu filho.
-Mas por que ele está deitado? - diz o menino duvidoso.
O pai cheio daquelas perguntas imperativa algumas frases:
-Pare já com essa perguntas. Não perca tempo com essas dúvidas, meu filho.
O filho com aquela ação logo inferiu um certo desapreço pelo homem em foco e logo exclamou:
-Pai se fosse igual a ele, você me amaria?
E lá começou a existir um que não era humano.
Reflitamos.
Rasgação de sedas
